Ação de desenvolvimento de cultura realizada por artistas em prol de uma comunidade. Foi idealizada, principalmente, para garantir e proporcionar acesso à cultura e contribuir para a ampliação do repertório cultural, voltada para o público idoso.

Literatura

Bengala Literária | Sarau de poesia, contos e causos. Momento de intercâmbio!

2021

Setembro

Correr da vida

O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem…

 Guimarães Rosa


Agosto

Tempo perdido

Havia um tempo de cadeiras na calçada.

 Era um tempo em que havia mais estrelas.

Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua.

 E o cachorro da casa era um grande personagem.

 E também o relógio na parede!

 Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.

 Mário Quintana


Julho

Faz da tua casa uma festa!


"Faz da tua casa uma festa!
Ouve música, canta, dança...
Faz da tua casa um templo!
Reza, ora, medita, pede, agradece...
Faz da tua casa uma escola!
Lê, escreve, desenha, pinta, estuda, aprende, ensina...
Faz da tua casa uma loja!
Limpa, arruma, organiza, decora, muda de lugar, separa para doar...
Faz da tua casa um restaurante!
Cozinha, prova, cria, cultiva, planta...
Enfim...
Faz da tua casa
Um local criativo de amor."

Neneca Parreira



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2020

Agosto

A laranjeira

Perfumada laranjeira,

Linda assim dessa maneira,

Sorrindo à luz do arrebol,

Toda em flores, branca toda

– Parece a noiva do Sol

Preparada para a boda.

E esposa do Sol, que a adora,

Com que cuidados divinos

Curva ela os ramos, agora!

E entre as folhas abrigados,

Seus filhos, frutos dourados,

Parecem sois pequeninos.

 

Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida nasceu no Rio de Janeiro, em 1862. Aos dezenove anos, começou a trabalhar na imprensa, em uma época que as mulheres não costumavam ocupar esses espaços. Em seguida, colaborou com diversos periódicos, publicou contos, poemas e seu primeiro romance, Memórias de Marta, em 1888. Além da sua expressão nas letras, era defensora fervorosa da causa abolicionista, da educação às mulheres e do divórcio. A autora estava entre os intelectuais que participaram da criação da Academia Brasileira de Letras, cujo assento número três pertenceu ao seu marido. No entanto, como o ingresso era vetado às mulheres, Júlia foi impedida de postular sua candidatura, apesar de muitos críticos da época considerar-lhe literariamente superior aos colegas imortais.


Maio










Meu destino
 Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

(Cora Coralina) 



Abril

Via Láctea

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

(Olavo Bilac) 
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2019
Poemas, poesias, prosas e causos...